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Eventos Raid LusoAlpes Extreme 2006
« posté par admin le 28-05-2007 à 23:02 »
Circuito 1
Circuito 2
Circuito 3
Regulamento
Configuração GPS e downloads
Fotos
Relatos
Date : 17-06-2006
 
 
lusoalpes.png
Image:  x  px
Fichier:  KbTexto: P. Indy/G. Kuchel

Decorreu no passado Sábado 17 de Junho, em condições particularmente difíceis o Raid LusoAlpes Extreme em Amarante.
Este desafio já tinha despertado a curiosidade de muitos amantes do BTT no ano passado e o sucesso repetiu-se em 2006 atraindo novos participantes e muitos repetentes também, o que prova que o LusoAlpes não é assim tão traumatizante…

O LusoAlpes é uma maratona de BTT onde se pode participar individualmente ou em equipa. A navegação através do percurso é feita recorrendo ao GPS que cada participante ou equipa deve possuir. No final, é necessário entregar o registo do percurso efectuado para provar que foi cumprido, sob pena de penalizações. Com este sistema, inspirado do já lendário TransPortugal, o autor da ideia, Guillaume Kuchel, conseguiu organizar e realizar um evento de calibre muito interessante com o apoio de alguns amigos e com os patrocínios: FPCUB, Cabana do Alvão, Vitalis, Pernalonga, Dietsport, Terríveis Clube Aventura, Hotel Amaranto e Câmara Municipal de Amarante.

A especificidade do LusoAlpes reside no seu carácter verdadeiramente autêntico. O Raid LusoAlpes Extreme é exactamente aquilo que soa: uma prova de tipo maratona extremamente dura que transpõe as dificuldades tipicamente alpinas no panorama lusitano.
A ideia de ligar Amarante aos pontos mais altos das Serras do Marão e do Alvão surgiu perante o desinteresse crónico dos organizadores de maratonas para as imponentes Serras Portuguesas e os percursos altamente técnicos.

Mas vamos ao evento!
Já na véspera, o céu assustadoramente preto e carregado por cima de Amarante dava sinais de antipatia. Custava pensar no calvário que o Raid seria nestas condições. A noite não foi de uma grande ajuda e Amarante acordou debaixo de um altíssimo tapete de nuvens bêbadas.
Cumpridas as formalidades burocráticas da entrega de documentação, de brindes e verificação de tracks, ocorreu um pequeno “briefing” onde os participantes foram mais uma vez alertados para algumas particularidades do percurso. Quem participava pela primeira vez deve, desde logo, ter notado que algo de diferente havia naquele evento quando o orador, referindo-se a um dos troços do percurso, disse “O trilho está lá, existe. Basta vocês acreditarem!”.

O LusoAlpes está dividido em três níveis de dificuldade. Inicialmente o percurso é semelhante para os três níveis mas depois aparecem dois pontos onde as equipas podem optar por atalhar para o final, mediante a sua condição nesse momento. Os participantes podem assim escolher um percurso à sua medida, de entre as três opções: 60, 90 e 115km com os acumulados positivos de 2000, 3000 e 4000m respectivamente.

Dada a partida em Amarante os participantes atacaram desde logo uma pequena subida em asfalto que os levou, via Padronelo e Gondar, para fora da cidade a caminho do primeiro objectivo: as antenas, lá no alto do Marão a 1417m de altitude.

Foram cerca de 25km de subida bem durinha onde se ascendeu cerca de 1500m! Logo nos primeiros km em trilhos, no muito técnico e desesperadamente íngreme Vale das Pedras onde muitos dos participantes perceberam que por causa do piso molhado e escorregadio e para poupar energias era necessário optar por fazer largos troços a pé, aproveitando para apreciar a estupenda paisagem da região.

Após a passagem pelo topo do Marão, onde se encontrava um dos postos de abastecimento, seguia-se uma inclinada e traiçoeira descida até ao ponto de separação do Nível 1. Quem optasse por este nível fazia um trilho directo para o Alto do Velão onde voltava a apanhar o percurso e regressava a Amarante. Houve alguns participantes a optar por esta hipótese mas a maioria seguiu para o Vale da Campeã, na tentativa de completar um dos outros níveis.

Entre o Vale da Campeã e a Barragem Cimeira os participantes foram obrigados a vencer não só o desnível mas também alguns trilhos rochosos de grande dificuldade técnica. Essas dificuldades eram agravadas pela chuva que ameaçava desde o início da manhã e que entretanto resolveu fazer a sua aparição, começando timidamente mas acabando por fustigar com convicção os ciclistas já lá para os lados do Alvão e de Lamas de Olo.

No restaurante “A Cabana do Alvão”, bem conhecido dos ciclistas de montanha que costumam frequentar aquelas paragens, estava instalado o segundo posto de abastecimento. Era ali também o ponto de corte para o Nível 2. Soube bem aquele abrigar da chuva e enquanto recuperavam forças alguns aproveitavam também para ver um pouco do Portugal-Irão que decorria naquela altura.

Com aquelas condições atmosféricas e alertados para o que ainda os aguardava, caso optassem pelo Nível 3, a maior parte dos participantes decidiu então quedar-se pelo Nível 2. Mesmo assim ainda houve quem se aventurasse para a dificuldade maior. Alguns conseguiram mas houve quem tivesse chegado ao topo do Alvão (Caravelas), um pouco mais acima, e tivesse ficado de tal forma impressionado e enregelado que achou mais prudente voltar atrás e alinhar com a opção da maioria.

Aqueles que optaram pela dificuldade maior tiveram de suportar mais algumas horas de grande dureza. Tiveram de manter a calma e concentração necessárias para, debaixo de chuva, olhar para o GPS e percorrer um “caminho invisível” a 1300m de altitude. Tiveram de manter o corpo quente na longa descida para o Rio Olo. E tiveram de enfrentar a interminável subida da calçada de Pardelhas, um ícone do LusoAlpes, sobre condições de aderência da pedra molhada que até a pé tornam difícil a ascensão.

Chegados ao Alto do Velão, onde se reencontraram os três níveis, os corajosos “lusoalpinos” só tiveram de vencer mais uma pequena ascensão antes de começar a longa descida de regresso a Amarante. Algumas das descidas, no entanto, causaram quase tanto cansaço como as subidas, tal o estado de degradação em que se encontravam. Apareceu, ainda, um ou outro roupe-pernas, mas a grande beleza do percurso e com as dificuldades já superadas, era mais subida, menos subida…

Apesar de tudo foram poucas as desistências. Aqueles que conseguiram apresentavam o sorriso de satisfação de alguém que acaba de cumprir um objectivo e o orgulho de ter participado num dos mais duros e belos eventos de BTT realizados em Portugal.

A organização aproveita para mais uma vez agradecer a todos os que permitiram que o Raid se concretizasse, desde os participantes, aos familiares e amigos que ajudaram e aos patrocinadores que apoiaram a iniciativa.

Autores: Pedro Indy Ribeiro (Equipa “Les Enfants Terribles – 2º Nível), Guillaume Kuchel